A solidão experimentada por Ean Blažej em V.I.X.I. Códigos de Praga

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A solidão é uma questão muito presente na vida de muitas pessoas e se deve a várias razões pelas quais apenas o indivíduo em si é capaz de nomeá-la. Contudo, por convenção social, existem determinadas razões para que ela aconteça, como uso excessivo das redes sociais, velhice ou mesmo aspectos relacionados à saúde mental. No fundo, como um especialista em solidão, acredito que se as pessoas pudessem escolher, aposto que nenhuma delas optaria por viver assim, visto que ser solitário é ser uma besta ou um deus, como dizia Aristóteles.

No livro V.I.X.I. Códigos de Praga, Ean Blažej, um jornalista solitário vive essa questão do isolamento na pele, fugindo de qualquer contato humano a todo custo. O simples fato de ter algum compromisso social, deixa-o ansioso, questão que ele trata escondendo-se em meio aos livros e saindo de casa apenas para trabalhar ou passear pela cidade de Praga. Neste caso, busca disfarçar-se ou não se demorar em determinados lugares evitando que seja reconhecido ou abordado por alguém que dele possa se aproximar para perturbar o seu sossego.

Por diversas passagens, Ean faz reflexões sobre a solidão, algumas delas consideravelmente dolorosas. Porém, em muitos trechos, ele deixa claro o prazer que sente em estar só, como expressa na página vinte e seis: É tão gostoso sentar-se à mesa com um copo de café em mãos e observar o mundo à minha volta. Parece-me uma terapia, pois consigo observar tanto do mundo externo, isso me faz sentir-me completo… “A deliciosa sensação de estar sozinho e sentir-se verdadeiramente feliz.”

Vivendo só, sempre se lembra de Edgar Allan Poe, o qual escreveu certa vez em seu poema intitulado ‘Só’: Não fui, na infância, como os outros e nunca vi como os outros viam. Minhas paixões eu não podia tirar das fontes igual à deles; e era outro o canto, que acordava o coração de alegria. Tudo o que amei, amei sozinho.” Ean também sempre sentiu que amou só e nunca teve alguém que foi capaz de ver o mundo com seus olhos, pois suas paixões também sempre vieram de outras fontes que não as comuns. Na fase adulta, os sentimentos de amar só, viver só e ser só apenas se ampliam.

Para sua sorte, a vida solitária o leva por caminhos pavimentados possibilitando-lhe uma considerável dose de equilíbrio de vida, mesmo que ela transcorra alheia ao mundo dos ditos normais, extrovertidos e sociáveis. Ean, ao longo da história, mostra que a solidão tem grandes vantagens sobre aqueles que fogem dela como o diabo da cruz. Para seus argumentos, utiliza-se de grandes filósofos como Nietsche e Schopenhauer e de Franz Kafka. Schopenhauer é citado por Ean em diferentes momentos: “A solidão concede ao homem intelectualmente superior uma vantagem dupla: primeiro, a de estar só consigo mesmo; segundo, a de não estar com os outros. Esta última será altamente apreciada se pensarmos em quanta coerção, quanto dano e até mesmo quanto perigo toda a convivência social traz consigo.”

Em meio à solidão, Ean vive na companhia dos livros, os quais dão sentido à sua vida mantendo-o salvo de si mesmo. Contudo, sua vida pautada na busca pelo conhecimento, fez com que ele perdesse todo o encantamento pela vida, fazendo-o desacreditar das pessoas, do amor, da confiabilidade e das grandes alegrias que as pessoas não imersas na solidão ou que sejam mais superficiais possuem. Em uma passagem, na página sessenta e cinco, Ean cita uma frase de John Lennon: “A ignorância é uma espécie de bênção. Se você não sabe, não existe dor.”

 

Mas sobre as dores do conhecimento que Ean enfrenta, falaremos em outro texto. Enquanto isso, sugiro-lhe a leitura da obra em questão, caso tenha se identificado com este texto.

Veja a sinopse:

Na misteriosa cidade de Praga, Ean Blažej, um jornalista solitário e apaixonado por filosofia, dedica grande parte de seu tempo aos livros. Certa noite, tem um pesadelo perturbador. Desde então, anonimamente, passa a receber mensagens e códigos secretos que o confundem, levando-o a diferentes pontos da cidade e a um castelo medieval, conhecido por ser um portal para o inferno. O local esconde uma sociedade secreta. A situação foge do controle quando explosões premeditadas sacodem Praga. Então, Ean se apressa para descobrir o que está além do que os olhos podem ver. Uma aventura detetivesca repleta de ação, mistério, conexões intrigantes e reflexões profundas sobre a solidão na vida moderna. 

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