A nuvem se dissipa aqui e acolá

Davambe Nhalungo concedeu entrevista ao Roda de Cuia Entrevista no último dia 7 de agosto, momento em que falou sobre o lançamento do livro ‘A nuvem se dissipa’, suas outras obras e vida de escritor.

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Assim como no Brasil, doutro lado do Atlântico, as nuvens também se dissipam, mais precisamente em Moçambique, país que fica na costa oriental da África Austral, onde se passa a história da obra ‘A nuvem se dissipa’ criada pelo escritor Davambe Nhalungo, moçambicano que vive há mais de 40 anos no Brasil. Recentemente, Davambe participou do Roda de Cuia Entrevista, programa que vai ao ar todas as quartas-feiras, às 20h, nas mídias sociais do Roda de Cuia, como YouTube, Facebook e Instagram. No programa, o escritor nos contou sua história e tivemos uma bela conversa a respeito de seus livros, principalmente sobre o último lançado, citado acima.

A história se passa no povoado de Manguluane, no país africano, mostrando como o preconceito a intolerância ao diferente podem destruir relações de afeto entre pessoas da mesma família, amigos e comunidade. Os alvos disso tudo são Manuel Khatissa Mulhovu, menino branco, supostamente nascido de pais pretos e, Tavita Ndjombo, a qual não vê outra solução que não seja fugir do local onde vive para buscar sobrevivência em Maputo, capital do país levando consigo seu filho.

No povoado onde vivem, havia um português chamado Joaquim João, o único branco do local e, imediatamente quando Manuel nasceu, os olhares se voltam a ele. O pai do menino, Maneus Manhiça, não consegue acreditar que o menino é realmente seu filho e passa a delirar rejeitando-o. Tavita, sentindo-se acuada pelo marido e moradores da vila, então vai embora, de mãos vazias, deixando sua vida, história, amigos e família para trás. Em Maputo, passa por extremas dificuldades sem ter um local adequado para viver, nem algo para comer, mas sempre cuidando de seu filho Emanuel. Tavita havia entendido que por mais que tentasse se explicar e, na verdade, tampouco sabia o que explicar, jamais iria ser compreendida. Maneus a considera uma traidora, ainda mais agora que Tavita, escondida, havia desaparecido com o filho sem deixar rastros, o que dá a ideia da suposta culpa que ela carrega.

Em Maputo, Tavita vive no bairro de Xipamanine onde tenta trabalhar, mas nada do que faz parece dar certo; passa fome e necessidades extremas de moradia. Questionando sobre sua vida e a fuga à capital, Ninguém Talvez lhe responde ‘não espere que alguém tenha pena de você. Só você sabe onde dói, suas felicidades ou infelicidades. Não espere que alguém adivinhe o que a deixa feliz, seus desejos estão só para você, só você os conhece. A maior infelicidade é esperar que alguém adivinhe os seus pensamentos, não aliene a sua felicidade. Acorde e olhe, quantas possibilidades…’  De tanta fome, Tavita temia morrer e isso a preocupava, pois tinha um filho para criar.

Com o passar do tempo, Maneus Mahinça passa a ser acusado de assassinar seu filho e sua esposa, visto que estavam desaparecidos e ninguém sabe o paradeiro deles. Tavita, pouco a pouco, com muito sacrifício, torna-se uma mulher próspera sobre a qual todos ouvem falar na capital e se impressionam com o seu talento que vem da água. ‘Cuidado com a boca, ela come mais do que o corpo precisa, ela fala mais do que é necessário falar e acaba desgraçando todo o ser em você.’

Você pode saber o que acontece com Tavita, Maneus, Manuel e descobrir qual é o talento de Tavita lendo a obra completa, a qual, eu altamente recomendo, pois traz reflexões importantes sobre as questões abordadas neste texto entre tantas outras que estão no livro.

Davambe Nhalungo já lançou várias outras obras de ficção e recentemente concedeu entrevista ao programa Roda de Cuia Entrevista, na TV Roda de Cuia no YouTube. Se você quer conhecer mais sobre esse grande autor, pode assistir à entrevista aqui.

Você também pode acompanhar meu Instagram, pois toda semana temos uma nova entrevista literária.

 

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